quarta-feira, 3 de junho de 2009

A porta não fechou.

Bati à porta.

"Entra, está encostada."

Entrei porta a dentro.
Entrei, sentei-me no sofá, andei pelos corredores, espreitei as várias divisões.

Fui ver a vista da janela.
Uma imensidão de mar, com ilhas, dragões e castelos de areia.

Mostraste-me cada pormenor por ti montado. Cada detalhe era importante, estavas a mostrar-me os teus cantos escondidos! Os teus pormenores. Via-se o medo nos teus olhos, quando mostravas de mais "Hoje vais decobrir uma coisa sobre mim". Via-se a admiração quando te perdias a ouvir-me falar "Ainda tens o dom da palavra". Montamos um sofá com filmes Super 8 e estórias com banda sonora "Vamos ter uma arrecadação cheia de filmes Super 8". Tinhamos a primeira e a ultima musica escolhida "Sabes, se estivesses aqui agora dava-te um beijo". Eram AS musicas. A mesma musica que tocaste quando me viste entrar teatro adentro "Ouviste?". A mesma que se ouvia repetidamente no carro na primeira vez que me levaste à praia. As mãos tremiam. As pernas tremiam. O coração saltava fora. Tu, a pores a minha mão no teu peito, a mostrar. Eu a esconder.
"Vamos beber uma cerveja?"
E construímos a nossa, num espaço pequeno confinado a vidros e travão de mão e volante "O teu carro é uma merda". Ríamos.
E cabíamos num banco "A menina mora nesta rua?".
"E se guardassemos estas coisas parvas que dizemos para mais tarde nos partirmos a rir destas panisguices?" "Não quero parar com estas panisguices".
E andamos pela casa, chegamos a decorar algumas paredes. "Quando tivermos um aninal, nunca lhe iremos dar um nome de gente".
E vimos a vista da janela, um monte de luzinhas. "hummm, sentes? Sou eu a abraçar-te"
E a casa estava cheia, convidei amigos a entrar, divertimo-nos com eles "A tua malta é fixe, para a semana vens tu com a minha. Quero ouvir aquela musica bem colado a ti".
E tu vinhas a correr e insistias em fazer-me cócegas "Gosto tanto de ouvir rir".
"Pirralha".
E eu lutava contra as cocégas e tu paravas o meu riso com aquele beijo. "Dá-me um beijo daqueles."
A porta estava encostada, e eu entrei.
"Tenho de fazer algum pedido especial ao teu pai para namorar ctg?"
Eu entrei pela casa adentro e sentei-me no sofá. E percorri todos os cantos. Mostraste-me cada um deles com orgulho. "Fazes-me acreditar que ele existe".
A porta não estava encostada, a porta estava aberta. Totalmente aberta. "Deixa-me dizer-te que és a tal, Adoro-te". A porta estava totalmente escancarada, e eu entrei, mas tu não fechaste a porta.

Bati à porta.
"Entra, está encostada."
E eu entrei.

2 comentários:

Ana disse...

Adoro a forma como te expressas! bjinho

Sofia disse...

Há casas assim
parecem perfeitas
foram pintadas
estão com um ar limpo e fresco.

O que interessa é o que está por baixo dessas camadas de tinta branca...

Há muitas portas ainda por abrir!

Love you

Um beijo,
Phi