Ele vê-me a caminhar. Lentamente. Olhos no chão. O medo de enfrentá-lo nos olhos bloqueia-me os movimentos. E páro, gélida.
Ele vê-me e não me diz nada.
Apenas me olha.
Olha-me e abana a cabeça, e eu leio-lhe o pensamento "Outra vez Patrícia?".
Eu não digo nada.
Enfrento-o. Olho-o nos olhos.
Ele abraça-me e pergunta "O que estás a sentir?".
Eu, "Nada. Não sinto nada."
Ele aperta-me. Aperta-me até me faltar o ar.
Ele, "E agora?".
Eu, "Nada na mesma."
Não o olho mais nos olhos. E afasto-me. Volto para trás, olhos no chão. Como se os olhares ausentes dos outros me trespassassem o umbigo.
Ele fica a ver-me ir embora.
"Não se mostra o trajecto a quem parte para se perder. Não se dá boleia, a quem precisa de ir a pé."
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