terça-feira, 31 de agosto de 2010

Das férias, onde o mar é mais azul.

Estragar o telemovel no primeiro Domingo de férias acabadinha de chegar à praia.
Perceber que ainda sei muitos numeros de telefone de cor.
O cheiro delicioso do sobrinho.
A praia de manhã.
A calma da mana.
A aventura de almoçar e fazer o jantar para a noite, tudo numa hora!
O cheiro a mar.
A praia ao fim do dia.
O parque com dezenas de crianças.
O riso largo do sobrinho e ar babado da mana.
O pai a correr para nós sempre que podia.
A tranquilidade de não ter horários, nem pressões, nem conversas forçadas, nem perguntas, nem respostas.
Os Domingos com amigos, os que moram cá dentro do coração e as estrangeiras que trouzeram ;)
A pressão. O arrumar a questão.
O silêncio quando a irmã partiu com o sobrinho.
 A casa só para mim.
Os amigos a aparecer. A surpreender.
As inumeras conversas sobre relações.
Os jantares com amigos que foram aparecendo porque tinham saudade.
A festa dos 50 anos do Ouriço.
A cerveja.
Os shoots.
Não me lembro.
Stalkers. 
As conversas com miudos mais novos que nos ouvem como se o que dissemos fosse lei. (O que não o é, de todo!)
A chuva.
O calor.
A traquilidade de estar na praia sozinha, com um livro e uns phones nos ouvidos.
As primas.
O calor abismal que se fez sentir na noite de despedida.
O assédio feminino.
O dia da despedida com praia até à noite.

Das férias, tranquilidade.
Das férias, o medo.
Das férias, o aperto no coração.
Das férias, a tranquilidade misturada com a raiva de ter de estar quieta, à espera.
O misto.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Às vezes.

Ás vezes as pessoas não entendem que responder à pergunta "Como é que tás?", envolve ou mentir, ou falar de muitas coisas que não se quer falar.
Ás vezes as pessoas não entendem que espaço, quer dizer só isso, espaço. E que falar das coisas nem sempre ajuda.
Às vezes as pessoas não entendem que não precisamos falar de como estamos, só precisamos de distrair.
Às vezes as pessoas.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Fatal(Idade)

Sempre que lhe acontecia uma "fatalidade" na vida, ela achava que era o fim do mundo.
Uma desgraça.
Uma dor horrivel.
Era sempre a pior das dores. Sempre. De todas as vezes.
Hoje, quando olha para trás percebe que não há maior dor que ver quem se ama ir-se devagar sabe-se lá para onde.
Hoje, doi-lhe não sabe bem onde.
Hoje.
Hoje percebe que nunca viveu perto do fim do mundo, que nunca lhe aconteceu uma desgraçada e ainda não sabe o que é a dor horrivel de perder alguém a sério.
Só hoje entende de facto a palavra, injustiça.
Hoje.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A avó R.

Eu vivi uma infância feliz. Recordo muitos dos momentos, com os avós.
Que sempre me pareçam que viveriam para sempre. Os avós brincam sempre connosco, mesmo quando já somos grandes e fazem sempre a nossa comida favorita.
E a minha R. fez-me os melhores bitoques que comi na vida. E assava as melhores castanhas. E leva-me para brincar no casal com a mana e as primas. E conversava muito comigo. E ela, sem sabre ler e escrever, ensinou-me tanta coisa. E tinha e ainda tem, sempre gatos.
Lembro de brincar em casa da avó, no escritório cheio de coisas que não se podia mexer, as canetas, os papéis do avô, as borrachas que eu gostava tanto, o globo cheio de desenhos que eu ainda não sabia que eram países que mais tarde ia visitar. O quarto que era do pai e do tio, tinha sempre um boneco que podíamos brincar. E no armário da sala haviam sempre caixas com bolos. E durante muitos anos, o telefone fazia RING RING e era preto e tinhamos de rodar os numeros.
E no Carnaval, fazia sempre filhoses e eu e a mana íamos ajudar, a pôr açucar e canela. Nunca mais comemos filhoses tão boas.
E avó dava-me sempre 100 escudos para ir comprar um gelado e pedia-me sempre um Super Max para ela, é o gelado favorito dela.
E no Natal e nos anos, avó era sempre a primeira a dar o envelope às netas e não queria saber onde o gastávamos, queria era que fossemos felizes.
E aos Domingos acordavamos cedo para almoçar fora, no "Maneta" ou nos "Viveiros do Atlantico", o avô obrigava-nos a levantar ás 8h para irmos para a Ericeira cedo. E era sempre uma aventura.
E foi em casa da avó que brinquei aos médicos com a mana e descobri que sabia dar injecções, e foi em casa da avó que bebi lixivia, e foi em casa da avó que tomei comprimidos a pensar que era smarties.
E foi em casa da avó, naquele quarto sempre igual com a colcha branca que mais sofri quando a visitei este Sábado. Naquela casa de avó, que cheira a avó, onde me vejo a brincar com a mana. Naquela casa. Naquele quarto de colcha branca.
E este Sábado foi o primeiro estalo que levei que me doeu, porque foi a primeira vez que vi de facto a realidade. E sentei-me na colcha branca do quarto sempre igual da avó e tentei que ela se lembrasse comigo como já fomos felizes ali. E fui embora. Mas não fui.

Something filled up my heart with nothing and someone told me not to cry.