Aqui: Paredes de
Coura
Agora: Hoje
Detalhes:
Escrever um número de telefone num papel. Decorá-lo inconscientemente. Loba. Combinar
Paredes de Coura.
Paredes de Coura.
Sentir tudo. dEUS. Ver Deus a ver dEUS. Permitir-me sentir tudo. Perder o medo.
Casamento da Bodelagem. Desmaiar
(quase!) com a surpresa da presença do emigrante armado em chinês.
Voltar a casa. Não estar sozinha. Apaixonar-me. Saber o que é ser dois em um. Cadelas.
Sermos quatro em um, Sonhos. Fazer tudo. Dizer tudo. Estar em paz. Combinar
coisas a dois. Nicolas Jaar. O episódio antes de Nicolas Jaar. Não saber o que
somos mas não querer saber. Sentir, só, tudo. É sério. Os meus pais. Os pais
dele. Não dormir sozinha desde a primeira noite. Fim de ano. Decisões. Mudar de
casa. Partilhar. A nossa casa. Ganhar uma família nova. Descongelar o pedaço de
coração que gelou aos 12 anos sobre cães. Aceitar que somos dois mais dois de
quatro patas. As primeiras férias. A avó
doente. Não aceitar. Fechar o coração. Não querer sentir nada. Perder outra
vez? A ultima viagem ao hospital, sozinha, sem saber que era a ultima.
Assaltarem-me o carro. Os estilhaços de vidro partido misturados com a revolta
da privacidade remexida. A capela com o caixão. Os abraços recebidos. Os
abraços não recebidos. Não saber chorar. Não deixar a dor entrar. A dor a
entrar toda em publico, de bíblia na mão e de padre ao lado. Misturar letras
com lágrimas. Não saber se o som que me saí são palavras com letras ou com
lágrimas. O olhar da mana. O abraço da mana. Aquela sala de 5m2 e o choro
abafado de consolo. Mais um ano de sobrinho. Não esquecer nunca o momento em
que após receber um presente em dizemos “Foi a avó do pau”, o sobrinho olha
para o céu e diz “Muito Obrigado Avó do pau.” O baptizado do sobrinho mais novo.
E do pai. Ser palhaça. A noite que me limpou a alma no Incógnito. Dançar de
olhos fechados. Meco. Artic Monkeys. Queens of the Stone Age. Verão. Agosto
outra vez. 1 ano a dormir a dois. Paredes de Coura. Chegar eufórica, partir
noiva. ESTAR NOIVA. As malas para 7 dias da amiga de sempre que veio acampar
sem tenda por duas noites. Ericeira. Férias a 8. Todos. Sentir que tudo faz
sentido. Jantares. Copos. Praia. Amigos de toda a parte, juntos, connosco a
celebrar. Fazer 30 anos. Sentir-me com 20. Frio outra vez. Os olhos pesados da
mãe saudosa de ser filha. Os olhos sem brilho do tio. Fingir que não sinto nada
para poder assumir o peso e os olhos baços. Lembrar-me Dela todos os dias. O
dia de anos dela. O primeiro ano da minha vida que o 13 de Novembro não junta
num simples jantar, com carne assada e arroz de marisco e bolo de bolacha,
todos nós. Natal. Invejar a inocência nos olhos dos sobrinhos quando chega o pai natal. Ser pai natal para
a família nova. Fim de ano. Aniversário surpresa. A Chiclet. 2 meses de quatro
patas. Sentir que são mais que cadelas, são família. Acordar e não ter o carro.
Perceber o que é um roubo. A revolta de me roubarem o carro. Aceitar que não
mais o verei. O medo. Ter medo. Viver com medo. Aqueles dias sozinha em casa à
noite. A protecção da cadela mais velha. Não dormir. Não comer. A cadela mais
velha a tomar de mim. Deixar o medo controlar-me. Mudar de casa. 1 de Abril –
senhor agente telefona e tem o meu carro. Sentar-me na secretária e chorar
copiosamente de telemóvel na mão. “Pensava que nunca mais ia ver o meu carro”. Ligar
à mãe a contar “Oh, não me enganas, já te conheço, hoje é dia das mentiras”. Ir
buscar o carro. Ter medo de saber o que aconteceu com ele. Descomprimir de 3
semanas sem dormir e sem apetite. Sentir tudo. Corpo dorido. Casa nova.
Enxoval. Tupperwares. A nossa casa.
Hoje. Sou uma
pessoa diferente. O amor transformou-me, trouxe o meu lado bom á superfície.
Olho para mim e tenho orgulho no que me tornei. As feridas do passado estão
saradas e perdoei-me. Comecei de novo sem deixar que os erros do passado afectassem
quem não ter de pagar por isso.
O medo. O medo
controla-me. E sou diferente por isso. Mas, não podendo fazer muito, espero
pelo tempo, já sei que ele cura tudo. E vamos continuando a vida a 2 + 3, de
sorriso nos lábios, porque o que importa mesmo, não se rouba.
Curiosidade: O ultimo post ser sobre medo. O ultimo paragrafo deste post ser sobre medo. Cabrão.
Sem comentários:
Enviar um comentário