segunda-feira, 30 de abril de 2012

Não me lambas as feridas.

- Nunca acreditei que um amor se cura com outro.
- Eu curei-me.
- Mentira. Ainda pensas nela. Todos os dias. Ignoras. Mas eu sei-te bem.
- És tão fria nestas coisas.
- Sou. É a verdade. Precisas de a ouvir.
- Não gosto de ti quando me fazes ver as coisas que não quero.
- Não faz mal. Eu amo-te na mesma.
- Nunca te curaste no braços de ninguém?
- Não. Tentei. Trambolhões de decepções. Ninguém cura ninguém.
- Mas não pode ser um começo? Uma tentativa de libertar a pessoa que queres esquecer.
- Pode, mas cuidado, pode tornar-se viciante, e quando dás por ti, perdeste a conta a quantas pessoas deixaste que te lambessem as feridas. E em vez de teres uma feridas, tens o corpo coberto e um coração vazio.
- É por isso que estás assim?
- Assim como?
- Sem deixares que ninguém te lamba as feridas?
- Não. Estou à espera de alguém que as mereça, já curadas.

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