segunda-feira, 10 de maio de 2010

Sem abrigo.

Ela acorda, atrapalhada. Põs os pés descalços no chão frio. Não sente.
Decide ficar um pouco sentada, com os pés descalços no chão frio, à espera que o frio a ataque. Não sente.

Ela levanta-se. Com os pés descalços. Caminha pela casa. Não sente.
Talvez um banho de água fria a tire desse estado inerte.
Água gelada a escorrer-lhe pelo corpo. Não sente.

Sente no final as lágrimas quentes a caírem-lhe na cara.
E sente tudo de uma vez. E deixa-me cair com a pingas geladas a caírem-lhe no corpo. E está a sentir tudo, de uma só vez. O quente das lágrimas queima-lhe a pele. Anseia por ser resgatada, mas apercebe-se que está sozinha. E sente tudo. E precisa sair dali.

E volta a por os pés descalços no chão frio. E volta a não sentir.
E resolve. Resolve, resolver a vida.

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