quarta-feira, 10 de março de 2010

(Des)Sentir.

Ontem segurei a Avó R. mais de 15m nos braços.
Totalmente inerte.
Fria.
Sem reacção a nada.
Segurei a Avó R. sem nada sentir. Não senti os braços ou as pernas.
Peguei na Avó R. ao colo e agarrei-a muito, como que a pedir "Volta."
Durante mais de uma hora não senti nada.
Nada.
Só se ouvia Pum Pum, Pum Pum, Pum Pum. E era um barulho singular. Era o meu coração.
Não era o dela.
Durante mais de uma hora, não senti nada, não tinha braços, nem pernas, nem dedos, nem cabeça. Nada.
E aos poucos ela voltou a ela.
E aí, senti tudo.
Aí, doeu-me tudo.
Aí, chorei até achar que tinha esgotado as lágrimas.

A Avó R. segurou-me. A Avó R. lembrou-me. A Avó R. riu-se comigo. A Avó R. segurou-me a mão. A Avó R. relembrou-me quão feliz eu fui qd era criança e brincavamos as duas com a mana pelo campo nas tarde de Primavera.

2 comentários:

Eu disse...

doi...
beijo

Sandra disse...

Não consigo imaginar a aflição que deves ter sentido.
Até me dá arrepios.