Ontem comovi-me com a avó R.
Ela bate à porta muito assustada e diz:
- "A Mãe? O Pai?"
- "A Mãe está lá em cima e o pai foi jantar a casa do O."
- "Ai que susto, é que o portão ainda está aberto."
Eu não sabia. Mas o meu pai todos os dias fecha o portão da casa da avó. E eu não sabia. E já era tarde e o portão estava aberto. E eu não sabia.
- "Mas oh Avó, que tem isso?"
- "Lembrou-me o tempo que espera por eles dois e só veio um."
E eu não sabia. Que ela esperava por eles. E eu não sabia. Que ela ainda esperava por eles. E todos os dias sofria. E eu não sabia. Porque só regressava um deles.
E sozinha, subi as escadas até ao quarto e pensei. Eu não sabia.
Admiro a avó R. tal qual admiro o pai. E eu não sabia.
E ela todos os dias ainda espera pelo pai. Porque agora, só pode esperar por ele. E eu não sabia.
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1 comentário:
Espera pelo pai, e por nós!
Agora espera por ti, que eu já não vivo aí, mas quando sabe q vou, também espera por mim!
(este domingo, qd o pai chegou do Alentejo, ela disse: Aí que bom, já chegou, assim fico mais descansada. Não gosto quando já é noite e ele ainda não chegou...)
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