terça-feira, 30 de março de 2010

Ela esperava por eles. E eu não sabia.

Ontem comovi-me com a avó R.
Ela bate à porta muito assustada e diz:
- "A Mãe? O Pai?"
- "A Mãe está lá em cima e o pai foi jantar a casa do O."
- "Ai que susto, é que o portão ainda está aberto."

Eu não sabia. Mas o meu pai todos os dias fecha o portão da casa da avó. E eu não sabia. E já era tarde e o portão estava aberto. E eu não sabia.

- "Mas oh Avó, que tem isso?"
- "Lembrou-me o tempo que espera por eles dois e só veio um."

E eu não sabia. Que ela esperava por eles. E eu não sabia. Que ela ainda esperava por eles. E todos os dias sofria. E eu não sabia. Porque só regressava um deles.

E sozinha, subi as escadas até ao quarto e pensei. Eu não sabia.
Admiro a avó R. tal qual admiro o pai. E eu não sabia.
E ela todos os dias ainda espera pelo pai. Porque agora, só pode esperar por ele. E eu não sabia.

1 comentário:

Eu disse...

Espera pelo pai, e por nós!
Agora espera por ti, que eu já não vivo aí, mas quando sabe q vou, também espera por mim!

(este domingo, qd o pai chegou do Alentejo, ela disse: Aí que bom, já chegou, assim fico mais descansada. Não gosto quando já é noite e ele ainda não chegou...)