Eu lembro-me das vesperas do pão por deus, de estar radiante em casa a escolher o maior saco de todos para ter mais de mil guloseimas no dia seguinte.
Lembro-me de ser tão feliz com aqueles chocolates redondos revestidos de prata com palhaços, que depois colecionava no meio dos cadernos.
Lembro de detestar que me dessem figos.
E de delirar com os chocolates Taxi.
Lembro-me de ir de saia sim senhor, de meias brancas e sapatos pretos, rasos com um lasinho.
A saia era aos quadrados, tipo aquele padrão escocês, azul e verde. Fita no cabelo e camisa branca que passada uma hora já andava fora da saia.
Lembro-me de ter sempre um limite delineado pela mãe, "não atravesses a estrada, não vás ao paço", era inevitavel, ia sempre.
Lembro-me de ir despejar o saco a casa a meio da manhã, era um orgulho ir a casa despejar o saco para o voltar a encher.
E lembro-me sempre da mesma frase "ai menina, és a cara do teu pai chapada", e era, e ainda sou.
Eu fui muito feliz na minha infância.
Eu adorava a vesperas do Pão por Deus.
(Reparei que há muitas pessoas que não sabem o que é o Pão por Deus.)
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