sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O avô.

O meu avô sempre foi uma pessoa distante, embora presente, muito distante. Fria, até. Muitos aniversários não nos dava os Parabéns, e no Natal nunca queria vir (só ultimamente vinha, mas ia embora assim que podia.).
O meu avô é aquilo que chamo um solitário. Apesar de ter a minha avó R. sempre do lado dele, sempre foi distante.
Nunca nos disse que gostava de nós, nem nos deu palavras de carinho. Estava tudo nos gestos.
Nunca o pudemos tratar por Tu. Nunca. Ele dizia logo prontamente "Mas andamos os dois juntos à escola?".
Tornou-se um hábito a distância, e com o passar dos anos, tornou-se natural.
Mas. O ultimo ano mudou-nos. A todos. O avô está presente. Continua com as coisas dele, como é natural. Mas pergunta. Diz. Conversa. Partilha. E mais importante, tem um olhar diferente, meigo. E já aceita um abraço.
Ontem pela primeira vez, ele saiu á rua e comprou-me um presente de aniversário. Ofereceu-me um livro, um romance. (O meu avô é das pessoas mais cultas que conheço.)
Foi um gesto bonito, e ele não precisou de dizer que me amava para eu perceber. Acho que isso também se deve ao facto de eu me permitir perceber isso. De o ultimo ano, também me ter transformado.
Avô, obrigada.
Avô, gosto muito de ti.

1 comentário:

Eu disse...

Deixa-me dizer-te que o avô saíu muitas vezes à rua para nos comprar presentes... Posso lembrar-me de uma vez que ele estava de passeio pelos açores e eu pedi-lhe um baloiço para as bonecas... O homem correu a Ilha de S.Miguel toda à procura de um baloiço para as minhas bonecas e encontrou. Outro exemplo, todos os Natais ele oferecia-nos as famosas libras até tu lhe dizeres que aquilo não prestava para nada...LOL... e os presentes em Ouro que ele nos oferece nas datas importantes? quando acabaste o curso, recebeste uma peça em ouro, certo?
Beijo